O Rugby no Brasil

O rugby começou cedo no Brasil e chegou ao país na mesma época que o futebol. A primeira equipe que se tem registro foi formada em 1891 no Rio de Janeiro: o Clube Brasileiro de Futebol Rugby, que teve vida curta. Em 1895, o rugby foi jogado em São Paulo por iniciativa de Charles Miller, brasileiro, de família, inglesa, que estudou na Inglaterra e, em seu retorno, promoveu em São Paulo esportes britânicos, como o futebol, pelo qual ficou mais conhecido, e o rugby, estando a frente do São Paulo Athletic Club. Porém, o rugby também não teve continuidade, sendo jogado apenas ocasionalmente, sobretudo por britânicos, em várias cidades do país.

Foi apenas nos anos 1920 que o rugby passou a ser jogado com maior regularidade em São Paulo e Rio de Janeiro, com a criação de clubes e a promoção de partidas entre os selecionados dos dois estados. Entre os grandes fomentadores da organização do Rugby brasileiro nesse período estavam o escocês Jimmy Macintyre e o inglês Gordon Fox Rule, que criaram, em 1925, o São Paulo Rugby Football Club, logo associado à Associação Atléticas das Palmeiras. No Rio de Janeiro, o Rugby ganhou espaço no Rio Cricket and Athletic Association, em Niterói, enquanto em Santos o Santos Athletic Club promovia atividades do esporte. Em 1926, o conjunto de São Paulo enfrentou Santos e o Rio de Janeiro, em duas partidas que ajudaram a impulsionar o esporte. A partir de 1927, as seleções de São Paulo e Rio de Janeiro passaram a se enfrentar anualmente valendo a Taça Beilby Alston, em homenagem ao embaixador britânico. Nos anos 30, o Brasil se tornou rota para alguns times internacionais, com uma seleção brasileira sendo formada para partidas contra os Junior Springboks (a segunda seleção da África do Sul), em 1932, a Seleção Britânica (os Lions), em 1936.

O rugby foi interrompido durante a Segunda Guerra Mundial, quando boa parte dos praticantes, ainda estrangeiros, foram mobilizados pelo conflito. A partir de 1947 a Taça Beilby Alston voltou a ser disputada anualmente até 1963. Em 1950, Macintyre organizou a primeira excursão de uma seleção brasileira para o exterior, com a seleção indo ao Uruguai. No ano seguinte, o Brasil participou do 1º Campeonato Sul-Americano de Rugby, na Argentina. Mas, nesse momento o rugby ainda não possui uma entidade organizadora do esporte no país e, para suprir tal carência, foi fundada em 1963 a União de Rugby do Brasil (URB), com o irlandês Harry Donovan como presidente. No ano seguinte, o Campeonato Brasileiro foi criado e o São Paulo Athletic Club, que desde a retomada do rugby nos anos 40 era o principal fomentador da modalidade, foi sede do Campeonato Sul-Americano, que terminou com o vice-campeonato do Brasil, inaugurando o primeiro campo exclusivo de Rugby do país.

Até os anos 60, o Rugby era quase restrito a estrangeiros ou brasileiros filhos de estrangeiros, sobretudo britânicos, mas não apenas. Japoneses, franceses e argentinos eram parcela significativa dos praticantes de rugby no Brasil, mas foi apenas nos anos 70 que o esporte passou a ganhar mais adeptos entre os brasileiros. Em 1973, a URB foi transformada em ABR, Associação Brasileira de Rugby, e esporte ganhou adeptos nas universidades e colégios paulistanos, com as categorias de base surgindo, assim como uma seleção juvenil, criada para o Sul-Americano de 1972 da categoria. Nos anos 60 e 70, o rugby foi jogado em Minas Gerais e nos anos 80 chegou ao Paraná. Clubes estrangeiros adicionaram o Brasil em seus destinos, e a França chegou a enfrentar o Brasil em 1974. O rugby deixava definitivamente de ser esporte de estrangeiros, contando com 19 clubes em 1986.

Entre 1991 e 1999, o Brasil disputou os Mundiais Juvenis da FIRA, a Federação Internacional de Rugby Amador, e se filiou à International Rugby Board em 1995, participando no ano seguinte pela primeira vez das eliminatórias para a Copa do Mundo. O número de estados praticantes também cresceu nos anos 90, com o rugby chegando a Santa Catarina e Amazonas e voltando a Minas Gerais. E o rugby feminino, enfim, deu seus primeiros passos.

Mas, foi a partir dos anos 2000 que o rugby no Brasil experimentou seu maior crescimento, com o esporte ganhando a televisão por assinatura – que passou a exibir um número cada vez maior de partidas internacionais e nacionais -, a internet e as novas mídias. No âmbito das seleções nacionais, o Brasil colecionou conquistas no Sul-Americano B e voltou, em 2008, à elite do continente na categoria masculina. Já no feminino, o Brasil criou sua hegemonia, conquistando de forma invicta o primeiro Sul-Americano Feminino de Sevens e iniciando uma série de dez títulos invictos consecutivos. O sucesso continental permitiu à seleção feminina jogar a Copa do Mundo de Sevens em 2009 e em 2013, o circuito mundial feminino e os Jogos Pan-Americanos, conquistando a medalha de bronze em 2015.

No cenário dos clubes, as duas primeiras décadas do século XXI levaram o rugby a todos os 27 estados do Brasil, com clubes e campeonatos sendo formados em todas as regiões, chegando a 2015 com mais de 250 agremiações e mais de 10 mil jogadores cadastrados – e 40 mil estimados, enquanto projetos sociais ganharam espaço, como o “VOR – Vivendo o Rugby”, de Curitiba, premiado em 2014 pelo World Rugby.

Em paralelo, a organização institucional foi ganhando corpo, com a ABR se transformando, em 2010, em CBRu (Confederação Brasileira de Rugby), por conta do novo status olímpico do Rugby. Conjuntamente, federações estaduais foram formadas ou repaginadas, com seis estados sendo fundadores da confederação (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). A partir das primeiras entidades formadas, e com a necessidade de transformar o crescimento rápido, espontâneo e desordenado em uma realidade sustentável, programas de desenvolvimento foram criados, com o rugby brasileiro passando por uma fase atual de solidificação.

Fonte: portaldorugby.com.br